Dia: 21 de Março, 2018

Angola é o país com maior pagamento de dívida face às receitas

Angola é o país do mundo com o maior pagamento de dívida face às receitas, ultrapassando a fasquia dos 55%, o que significa que, por cada 100 dólares de receitas fiscais, 55 são para pagar a dívida. De acordo com os cálculos do Comité para o Jubileu da Dívida, baseados em números do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, Angola é, dos 20 países elencados, aquele onde o peso da dívida mais se faz sentir no orçamento, ‘levando’ 55,4% de todas as receitas fiscais que entram nos cofres do Estado.

O segundo país onde a dívida é maior face às receitas, dos 126 considerados pelo Comité, é o Líbano, com 44,1%, numa lista cuja pódio fica completo com o Gana, com 42,4%, e onde Moçambique aparece no 13.º lugar, com 21,7% das receitas a serem canalizadas para o pagamento das dívidas, que não incluem aqui a chamada ‘dívida oculta’, uma vez que não foram feitos pagamentos no ano passado.
Em declarações à Lusa, o economista do Comité para o Jubileu da Dívida, uma Organização Não Governamental com sede em Londres, Tim Jones, comentou que “quer Angola quer Moçambique endividaram-se fortemente quando os preços das matérias-primas estavam elevados, mas agora que os preços desceram, os pagamentos da dívida aumentaram rapidamente em relação à receita fiscal”.
Nenhum deles, sublinha o economista, “parece estar em condições de pagar”, por isso a solução terá de passar por uma reestruturação da dívida. “Os credores irresponsáveis, que emprestaram dinheiro quando os preços das matérias-primas estavam altos, devem aceitar fortes reestruturações na dívida que levem em conta o choque económico”, defendeu Tim Jones em declarações à Lusa. Sobre o futuro, o economista argumentou que “são precisos melhores mecanismos de responsabilização quando se contraem empréstimos” e acrescentou que são igualmente necessárias “medidas em países como o Reino Unido para garantir que os empréstimos são feitos de forma mais transparente”.
Os credores, concluiu, “têm de ser mais circunspectos no futuro, já que há pouca evidência de os empréstimos terem sido investidos de forma adequada em qualquer um destes países”. A divulgação deste estudo acontece numa altura em que Angola já anunciou que tenciona renegociar a dívida com os credores, mas garantindo que não falhará pagamentos. Moçambique, por seu turno, tenta renegociar a dívida externa com os credores numa reunião que decorre hoje em Londres, depois de ter deixado de honrar os compromissos financeiros no final de 2016, o que levou a uma situação de incumprimento financeiro (‘default’).
O aumento da dívida pública nos países dependentes de exportações de matérias-primas, nomeadamente em África, tem sido um tema recorrente nos últimos meses, já que o endividamento foi, de uma forma geral, a resposta encontrada para responder à queda dos preços das matérias-primas e ao consequente desequilíbrio orçamental e desvalorização das moedas face ao dólar.

Publicação da autoria de Fonte Externa:
Dinheiro Vivo
20/03/2018

21.03.2018 – Cotações do dia ( BNA, Banca Comercial, Mercado Informal – Kinguilas – e Private Deals )

1 – BNA
Taxas oficiais do Banco Nacional de Angola
USD 215,48 (Compra 215,22 Venda 215,74) – Variação (+) 0,36%
EUR 264,38 (Compra 264,05 Venda 264,71) – Variação (+/-) 0%

2 – BANCA COMERCIAL
Taxas dos Bancos Comerciais em Angola
2.1 – Divisas
USD 217,90 (Compra 215,74 Venda 220,05) – Variação (+) 0,37%
EUR 267,36 (Compra 264,71 Venda 270,00) – Variação (+/-) 0%

2.2 – Venda de Notas
USD 220,05 Variação (+) 0,37%
EUR 270,00Variação (+/-) 0%

3 – KINGUILAS – Compra e Venda de Notas
Taxa média aplicada pelo Mercado de Rua em Angola
USD 415,00 – Variação (+/-) 0%
EUR 510,00 – Variação (+/-) 0%

4 – PRIVATE DEALS – Compra e Venda de Divisas Bancárias
Taxas médias aplicadas através de negociação entre particulares
USD 500,00 – Variação (+/-) 0%
EUR 550,00 – Variação (+/-) 0%

BPC volta a conceder crédito

A partir do próximo mês de Abril, o Banco de Poupança e Crédito ( BPC) retoma os créditos garantidos pelo salário e às empresas privadas, anunciou domingo, no Moxico, o presidente do conselho de administração da instituição financeira. Alcides Safeca, que falava à imprensa depois de uma visita de trabalho àquela província, afirmou que primeiro será retomado o crédito salário e, só depois, na medida e, que for melhorando a situação financeira do banco, é que voltam a ser concedidos financiamentos ao sector empresarial privado.

Há cerca de uma semana, o Presidente da República, João Lourenço, autorizou, por decreto, uma emissão especial de dívida pública cifrada em 180 mil milhões de kwanzas para a recapitalização do Banco de Poupança e Crédito (BPC), o maior do país e detido pelo Estado.
De acordo com o teor do Decreto Presidencial, de 7 de Março, trata-se de uma emissão especial de Obrigações do Tesouro em Moeda Nacional (OTMN) a entregar directamente ao BPC “como aumento de capital”.
Esta emissão, a concretizar pelo Banco Nacional de Angola, tem uma maturidade de dez anos e juros de 7,5 por cento ao ano.A 19 de Outubro, a anterior administração do BPC garantiu que o banco ia entrar em 2018 já com o processo de saneamento da carteira de crédito malparado, superior a 500 mil milhões de kwanzas,  concluído.
Noutras emissões, o Go-verno destinou 231 mil milhões de kwanzas à sociedade Recredit, também es-tatal, criada para gerir os créditos problemáticos da banca angolana, a começar pelo BPC.
Entretanto, o novo presidente do Conselho de Administração do BPC anunciou em Novembro, pela primeira, que o banco previa retomar a concessão de crédito até Março, no âmbito do programa de revitalização daquela instituição bancária.
 Alcides Safeca, anterior secretário de Estado do Orçamento e empossado na altura no cargo, referiu que estão igualmente a ser aplicadas medidas que visam aumentar a capacidade operacional do BPC. Relativamente ao saneamento da carteira de crédito malparado, Alcides Safeca explicou que estavam em curso, naquela altura, negociações com os devedores para a sua recuperação, sublinhando que este processo estava “a decorrer bem”.
O ministro das Finanças exortou, na mesma altura, o novo presidente do Conselho de Administração do BPC a acelerar o saneamento da instituição, desinvestindo em áreas fora da banca.
A posição foi assumida por Archer Mangueira durante a cerimónia de posse de Alcides Safeca como novo líder do BPC, o quarto presidente do conselho de administração que o banco conhece desde Outubro de 2016.
 “O BPC deve dar continuidade ao seu processo de reestruturação e saneamento. Enquanto banco público nacional, deve ser o principal agente do Estado em matéria financeira. Deve estar dotado de ferramentas e capacidades adequadas, ao nível da governação, da organização e da conformidade”, apontou Archer Mangueira.
Na sexta-feira, o director do Departamento Angola do FMI, Ricardo Velloso, declarou ter sugerido em  negociações com representantes angolanos ao longo do mês do Março, que não se faça qualquer outra recapitalização do BPC antes de estar provado que o banco deu passos significativos em domínios como a redução de agências, dimensionamento do pessoal e adopção de critérios mais rigorosos de concessão de crédito.
O Ministério das Finanças, em representação do accionista Estado, detém 75 por cento do capital social do BPC, juntamente com o Instituto Nacional de Segurança Social (15 por cento) e a Caixa da Segurança Social das Forças Armadas (dez por cento).

 

Publicação da autoria de Fonte Externa:
Jornal de Angola
20/03/2018