Dia: 8 de Maio, 2018

Petróleo: Barril atinge valores que já não se viam desde Novembro de 2014

O petróleo atingiu hoje os valores mais altos desde Novembro de 2014 na abertura do mercado de Londres, Brent, que serve de referência às exportações angolanas, que estão assim a valer mais 25,63 dólares norte-americanos por barril que os 50 USD com que o Governo elaborou o Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2018.
Com o barril a ser vendido a 75,64 USD, apesar de ligeiras alterações, para cima e para baixo, no decorrer do dia, Angola surge no mapa global dos exportadores de crude como um dos que mais está a beneficiar do contexto de incerteza mundial, seja o aproximar de uma possível nova crise entre o Irão e os EUA, seja devido à queda abrupta na produção da Venezuela, forjada na crise política interna que aquele país sul-americano e um dos três com maiores reservas em todo o mundo, atravessa.
A baixa da produção venezuelana, que passou de quase 3 milhões de barris por dia (mbpd) há 10 anos, para os actuais 1,5 mbpd, é, alias, a primeira da lista de razões que os analistas citados pelos sites e publicações especializadas apontam para o actual fluxo de dólares para cada barril vendido.
Isto, porque foi a crise que levou a um desinvestimento substancial e progressivo no sector produtivo que abriu caminho à queda da Venezuela do top 10 dos grandes produtores mundiais para um nível semelhante ao angolano, na ordem dos 1,5 mbpd, apesar de aquele país sul-americano ter, provavelmente, as maiores reservas mundiais de crude, que de pouco valem se não existir capacidade para o extrair.
No entanto, Angola, como a Sonangol anunciou recentemente, e provavelmente para evitar o mesmo destino da Venezuela, está a procurar inverter o quadro de desinvestimento com a recuperação do negócio de 1,2 mil milhões USD com os sul-coreanos da DSME para a compra definitiva de dois navios-sonda, que poderão ser essenciais para encontrar novas reservas e, assim, redespertar as atenções das multinacionais que nos últimos anos têm, paulatinamente, colocado as suas infra-estruturas em stand by, ou mesmo delas desistido..
A par da crise na Venezuela, os preços do barril estão igualmente a ser impulsionados com o aproximar da data-limite anunciada pelo Presidente norte-americano, 12 de Maio, para denunciar o acordo nuclear com o Irão, o mesmo que em 2015 permitiu a este produtor do Médio Oriente voltar aos mercados com os seus potenciais 4 milhões bpd mas que, face a uma reviravolta made in White House, poderão voltar a deixar o mercado aumentando a tensão do lado da procura.
Ao mesmo tempo que esta realidade mostra que os mercados acreditam que Donald Trump vai mesmo denunciar o acordo com o Irão e regressar ao programa de sanções que podem voltar a impedir o país de vender o seu petróleo nos mercados internacionais, a produção interna dos EUA não tem parado de subir, sendo já, a par da Rússia, o líder mundial.
Fica assim claro que se as permanentes crises criadas por Trump não são estratégicas, parece muito que o são, porque é a indústria petrolífera extractiva dos Estados Unidos quem mais está a beneficiar delas, conseguindo o duplo benefício de poder aumentar a produção e manter os preços em alta.
No entanto, o mundo parece unido no apelo a Trump para não dar esse passo perigoso, nomeadamente os signatários do documento que travou o programa nuclear de Teerão, que são a França, apesar dos sinais dúbios fornecidos pelo Presidente Macron, ao admitir uma renegociação, a Alemanha, a Rússia, China, Reino Unido e União Europeia, que juntam às sua preocupações com o Irão, a possibilidade de a Coreia do Norte poder voltar atrás com um acordo semelhante ao ver como os EUA dão o dito por não dito facilmente.
Recorde-se que a indústria petrolífera norte-americana conta com um subsector muito activo, ao mesmo tempo que é já um dos maiores poluidores do mundo, o petróleo de xisto, ou “fracking”, que consiste na injecção de água e químicos pesados no subsolo, onshore, para extrair o petróleo e o gás natural da rocha.
Porém, devido aos enormes custos, o fracking tem um breakeven elevado, na ordem dos 70 USD/barril, razão pela qual em 2014, com a queda do valor do crude, esta indústria foi quase inteiramente à falência ou obrigada a suspender os trabalhos, voltando agora a respirar com o barril acima dos 70 dólares no mercado do Texas (WTI).
E, como cereja em cima do bolo, pelo menos no prisma dos países produtores – mas má notícia para as grandes economias consumidoras, como a China ou a Índia -, o ministro da Energia da Arábia Saudita, Khalid al-Falih, tornou público o seu receio com a falta de investimento da indústria petrolífera em alguns países porque pode conduzir em breve a uma severa escassez de oferta.
Um estudo divulgado no ano passado por uma consultora, a McKinsey, apontava mesmo para uma situação, défice de investimento no sector petrolífero global, que não era vista desde a década de 1940, ao qual Angola não escapa por causa da crise nos preços de 2014, apesar das boas notícias como o arranque do projecto Kaombo, da francesa Total, ou a vinda, ainda por confirmar, dos dois navios-sonda encomendados à sul-coreana DSME.
No entanto, essas boas notícias parecem não ser suficientes para impedir o cenário traçado pela Agência Internacional de Energia (AIE) que, no seu relatório para o ano de 2018, coloca Angola em perda significativa de produção até 2023.
A AIE perspectiva a produção angolana com menos 300 mil barris que hoje – que é de cerca de 1,6 milhões – quedando-se nos 1,29 milhões de barris diários dentro de cinco anos, essencialmente por falta de investimento na pesquisa, o mesmo fenómeno que está a reduzir a gigante Venezuela a um anão no mundo dos petróleos.

Publicação da autoria de Fonte Externa:
NJ
07/05/2018

Balanços dos bancos ‘chumbados’ pelos auditores

A maioria do balanço dos bancos, relativo a 2017, está a levar ‘nota negativa’ dos auditores independentes por incumprimento das regras de contabilidade internacional, que obriga a elaboração das demonstrações financeiras dentro dos critérios para economias hiper-inflacionárias, quando o Banco Nacional de Angola (BNA) e a Associação Angolana de Bancos (ABANC) pensam o contrário.
De acordo com os auditores, a taxa de inflação acumulada dos últimos três anos aproximou-se ou ultrapassa os 100%, com a possibilidade de que, no ano que corre, a taxa venha cumulativamente a exceder, colocando deste modo Angola na lista das economias com hiperinflação.
Até à semana passada, já tinham sido publicadas as contas de, pelo menos, cinco bancos: BAI, o Banco BIC, Prestígio e Sol, todos com reservas dos auditores independentes. O BFA também apresentou as contas de 2017, mas não integrou o parecer do auditor independente.
Para os auditores das várias companhias contratadas pelos próprios bancos, os indicadores de inflação e demais elementos previstos na regra de contabilidade, designada IAS 29, levaram a concluir que a moeda funcional das demonstrações financeiras, a 31 de Dezembro, corresponde à moeda de uma economia hiper-inflacionária.
“Nestas circunstâncias, o banco deveria ter apresentado as suas demonstrações financeiras, naquela data, atendendo àquela premissa e de acordo com as disposições previstas naquela norma, as quais estabelecem também a reexpressão das demonstrações financeiras do exercício anterior, apresentadas para efeito comparativo”, lê-se na nota do auditor KPMG, anexada às contas do BAI. Textos mais ou menos semelhantes encontram-se nas contas de balanço dos bancos Sol, BIC e Prestígio, assinadas, respectivamente, pela UHY Auditores e Consultores, PKF e Ernest Young.
Bancos protestam
Numa nota publicada no seu ‘website, a ABANC protestou, considerando que a “norma não estabelece uma taxa absoluta em função da qual se considere [que Angola possa] estar perante uma situação de hiper-inflação”.
“Após uma análise cuidada da situação, a ABANC conclui que não concorda com a decisão tomada pelas empresas de auditoria”, escreveu o organismo, em nota assinada pelo presidente de direcção, Amílcar Silva.
Um administrador do BAI admitiu, ao VALOR, que a aplicação da norma teria impacto sobre o balanço dos bancos, sobretudo no imobilizado. “O tamanho do balanço iria crescer devido aos efeitos da inflação. Existem outros impactos. Não é só sobre o imobilizado, mas é um exemplo do porque é que o activo dos bancos iria crescer”, disse o gestor, que pediu anonimato.
BIC cumpre parte da regra
Também o presidente do Banco BIC, Fernando Teles, considera, à semelhança dos seus pares associados da ABANC, que a economia angolana “ainda não é hiper-inflacionária”. Apesar disso, Fernando Teles revelou, na semana em que apresentou as contas de 2017, que o seu banco já aplicou 90% das normas para uma economia hiperinflacionária. “Não aplicámos tudo o que obriga à hiperinflação (…). Faltam-nos as reavaliações dos activos. Mas as reavaliações dos activos e no imobiliário provocariam um aumento, por um lado, do activo, e, por outro lado, uma reserva de reavalição que vai directamente à situação líquida”, considerou o gestor, que prevê aplicar parte das normas ainda este ano.

 

Publicação da autoria de Fonte Externa:
VE
07/05/2018

08.05.2018 – Cotações do dia ( BNA, Banca Comercial, Mercado Informal – Kinguilas – e Private Deals )

1 – BNA
Taxas oficiais do Banco Nacional de Angola
USD 230,62 (Compra 230,37 Venda 230,87) – Variação (+) 0,11% 
EUR 275,00 (Compra 274,65 Venda 275,34) – Variação (+/-) 0%

2 – BANCA COMERCIAL
Taxas dos Bancos Comerciais em Angola
2.1 – Divisas
USD 233,18 (Compra 230,87 Venda 235,49) – Variação (+) 0,11%
EUR 278,09 (Compra 275,34 Venda 280,84) – Variação (+/-) 0%

2.2 – Venda de Notas
USD 235,49 – Variação (+) 0,11%
EUR 280,84 – Variação (+/-) 0%

3 – KINGUILAS – Compra e Venda de Notas
Taxa média aplicada pelo Mercado de Rua em Angola
USD 430,00 – Variação (+/-) 0%
EUR 520,00 – Variação (+/-) 0%

4 – PRIVATE DEALS – Compra e Venda de Divisas Bancárias
Taxas médias aplicadas através de negociação entre particulares
USD 515,00 – Variação (+/-) 0%
EUR 560,00 – Variação (+/-) 0%