Novo sistema cambial dá maior transparência à venda de divisas

A venda de divisas em leilões sem indicação específica sinaliza a normalização do sistema cambial, após um período de restrições de quase três anos, advogam analistas, ouvidos pelo Mercado, em reacção à nova medida do Banco Nacional de Angola (BNA).
O procedimento adoptado (novamente) pelo banco central marca o fim da intervenção administrativa no sistema cambial, permitindo que o mercado, por si só, se auto-regule, explica Amílcar Silva, presidente da Associação Angolana de Bancos (ABANC). Perfilham a explanação do chairman da ABANC, o economista, docente universitário e investigador no Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola, Francisco Paulo, assim como Galvão Branco, consultor económico.
O regresso à antiga regra de venda de divisas, a partir de 01 de Outubro de 2018, como faz referência o comunicado do BNA, “também sinaliza a evolução do mercado cambial para uma ambiente mais favorável ao interesse dos clientes e dos bancos comerciais”, esclarece Amílcar Silva, afirmando ainda que se está a sair de um fase de ‘excepção’. “Este é o método mais adequado, pois põe termo a venda direccionada de cambiais, confere maior transparência ao sistema cambial e dignidade e à banca comercial”, advoga, o líder da instituição defensora dos interesses dos bancos comerciais no País.
Amílcar Silva acredita no pleno e normal funcionamento do mercado cambial porque o regime a ser adoptar assegura o cumprimento de programas estabelecidos pelo BNA e o Ministério do Comércio, relativamente à disponibilização de divisas para a importação de bens de consumo, medicamentos e outros meios de caracter essencial.
“O novo sistema também confere maior credibilidade junto das instituições financeiras internacionais, sobretudo os emitentes de cartas de créditos, muito são clientes de bancos emissores”, explica o presidente da ABANC, aludindo que é o “prenúncio da saída de um ambiente de crise, impulsionado pela estabilidade do preço do petróleo”.
A estabilidade das reservas internacionais líquidas (RIL), segundo ainda Amílcar Silva, também é um dos factores determinantes para a normalização do mercado cambial.
Francisco Paulo considera oportuna a decisão do BNA de voltar a liberalizar o sistema cambial, pelo facto de ser um dos paradigmas fundamentais da economia de mercado. Aliás, na perspectiva do economista e investigador do CEIC, a decisão do banco central, sob governo de José Massano, sinaliza um comportamento positivo da economia.
“É uma boa notícia. Com a entrada em vigor do novo modelo, os clientes dos bancos comerciais vão poder comprar divisas sem quaisquer limitações” esclarece o docente.

 

Publicação da autoria de Fonte Externa:
Jornal Mercado
01/10/2018

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