Moagens operam abaixo da capacidade instalada

A maior fábrica de farinha de trigo do país, Grandes Moagens de Angola (GMA), produziu nos primeiros 15 meses de actividade 250 mil toneladas de trigo, 30 por cento abaixo das 360 toneladas que devia ter colocado no mercado nesse período, se tivesse explorado cem por cento da capacidade instalada.

Inaugurada a 26 de Maio do ano passado, o empreendimento, orçado em 100 milhões de dólares, é uma iniciativa privada destinada a cobrir entre 50 e 60 por cento das necessidades de farinha de trigo do país, tendo em vista a redução das importações e a poupança de divisas.

Quinze meses depois, a fábrica produziu, até Setembro deste ano, 70 por cento do que esperava concretizar, o equivalente a cinco milhões de sacos de 50 quilos de farinha de trigo. Situação similar registou-se na produção de farelo, um subproduto de grande utilidade na agropecuária, que não passou das 74 mil toneladas, que correspondem a 70 por cento da capacidade instalada.

O não aproveitamento integral da capacidade da fábrica, de acordo com o balanço da empresa a que o Jornal de Angola teve acesso, deveu-se a dificuldades de acesso a divisas, para a aquisição de matéria-prima. A Grande Moagens de Angola tem uma capacidade de processamento de 1.200 toneladas de trigo, que resultariam em cerca de 930 toneladas de farinha e 260 de farelo, por dia.

Para contornar a baixa produção de trigo no país, os investidores encontraram como solução a importação de matéria-prima a partir dos principais produtores mundiais de trigo, tendo em conta a relação custo-benefício.

Dados oficiais indicam que o consumo anual de farinha de trigo em Angola situa-se à volta de 650 mil toneladas. Nos últimos quatro anos registou uma ligeira queda, devido à crise económica do país.

O Conselho Nacional de Carregadores estima que, em 2020, as necessidades anuais de farinha de trigo no país subam para 730 mil toneladas. Ao mesmo tempo que recorre à importação de matéria-prima, para garantir o seu funcionamento, a Grande Moagens de Angola procura sensibilizar o sector   agro-alimentar para a importância do fomento da produção de trigo no país.

“A GMA quer potenciar a criação de um ‘cluster’ agro-industrial angolano, assente na modernidade e na geração de empregos nacionais e pretende que este projecto permita, também, assegurar a transferência de conhecimentos técnicos e tecnológicos necessários à consolidação desse movimento”, lê-se no primeiro balanço produzido pela empresa.

Para o administrador executivo da GMA, César Rasgado, “é preciso proteger a indústria local com o controlo de qualidade e quantidade de farinhas importadas pelos diversos operadores, para evitar produtos de baixa qualidade.”

Parte desta regras, prosseguiu, devem passar por permitir a importação apenas a empresas que, comprovadamente, têm capacidade financeira, logística e estrutura compatível para o fazer e com a situação fiscal devidamente regularizada.”

Localizada no Porto de Luanda, a GMA ocupa uma área de 30 mil metros quadrados e tem acesso privilegiado para a expedição da produção em condições competitivas, permitindo a redução substancial dos custos de transporte e outros encargos logísticos associados. Além dos edifícios industriais, a área integra um laboratório, uma padaria industrial para formação local, silos de matéria-prima, silos e armazém de produto final, escritórios, equipamentos para a descarga e carga de navios, cantina, oficinas e parque para camiões.

Publicação da autoria de Fonte Externa:
Jornal de Angola
24/10/2018

Leave a Reply

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.