Angola e Portugal elevam cooperação

Elevar a cooperação comercial e económica entre Angola e Portugal a níveis “tão excelentes” quanto a política e fazer com que este intercâmbio tenha impacto na vida da população dos dois países é o principal propósito da visita oficial que o Presidente João Lourenço inicia hoje, em Lisboa.

O Presidente da República chegou ao final da tarde de ontem à capital portuguesa, a convite do homólogo, Marcelo Rebelo de Sousa, e segue amanhã para a cidade do Porto, para participar na conferência sob o tema “Angola: que mudança”, onde são aguardadas dezenas de empresários dos dois países.

Admite-se que as propostas portuguesas para o programa da conferência foram feitas a pensar na vontade angolana de diversificar a economia.

Para hoje, o primeiro dia da visita, o Presidente João Lourenço tem encontro, no período da manhã, com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém.

Estão agendados encontros entre as delegações dos dois países e, no fim, os dois Chefes de Estado falam aos jornalistas. Antes, na Praça do Império, depois das honras militares, João Lourenço deposita uma coroa de flores no túmulo de Luís de Camões e assina o Livro de Honra. À tarde, o Presidente angolano vai à Assembleia da República, onde faz uma intervenção na sessão solene plenária, para depois ser recebido pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, a visita vai confirmar as relações “históricas e excelentes” entre os dois países e marcar os passos necessários para relançar a cooperação comercial e económica.

“Portugal é para nós um país prioritário e acreditamos que para Portugal Angola também é prioridade”, disse o ministro, lembrando que durante a visita do Primeiro-Ministro português, António Costa, a Angola, em Setembro último, foi estabelecido um cronograma de tarefas que está a ser cumprido pelas partes. “Já foi feito um grande trabalho”, disse Manuel Augusto aos jornalistas, na manhã de ontem.

Opinião semelhante tem o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva. Considera que as relações bilaterais “estão no patamar mais elevado possível”.

“Há uma dimensão executiva e concreta que prolonga o trabalho e os acordos feitos há dois meses em Luanda”, disse o chefe da diplomacia portuguesa, sublinhando que há um interesse mútuo.

“Portugal também quer diversificar em Angola”, disse o ministro, numa alusão à necessidade de equilibrar o peso das empresas de construção e os contratos com o Estado. “Destes novos projectos, deviam surgir sinais dessa diversificação, tanto regional como sectorial”, explicou, citado pelo Jornal “o Público”.

Na Assembleia da República

A intervenção do Presidente angolano na Assembleia da República está a ser aguardada com grande expectativa pelos deputados e demais políticos, ansiosos em saber que rumo as relações entre os dois países vão tomar, encerrado que está o “irritante” causado pelo caso que envolveu o ex-Vice-Presidente da República de Angola, Manuel Vicente.

Pelo menos este é o entendimento dos líderes parlamentares, citados pela imprensa portuguesa. Para o deputado Carlos César, do Partido Socialista (PS), a visita constitui “um marco histórico” e marca a “retoma de cumplicidade que não pode deixar de existir entre dois países”.

O Partido Comunista Português (PCP) deseja que a visita contribua para “o aprofundamento das relações de amizade e cooperação entre os dois países, no respeito pela sua soberania”. Já o Bloco de Esquerda fala em cautelas.

“Registamos que há mudanças e, por isso, estamos numa posição de abertura para poder reavaliar a nossa posição” sobre Angola, afirmou Pedro Filipe Soares, à Lusa.

O Partido Social Democrata (PSD) olha “com grande optimismo” para o futuro das relações entre Portugal e Angola e considera que a visita “traduz a importância estrutural da relação entre os dois países”.

O CDS também tem uma “expectativa boa” para a “visita de certa forma histórica” e espera que seja “importante e relevante” nas relações entre os dois países.

Publicação da autoria de Fonte Externa:
Jornal de Angola
22/11/2018

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