Venda da ENSA avança, sul-africanos estão interessados

Governo quer avançar com venda da seguradora e sul-africanos da Sanlam, que controlam a Saham Seguros Angola, podem entrar na corrida. Parceria com a ENSA no seguro automóvel pode marcar início da aproximação.

O Governo vai avançar para a privatização da ENSA Seguros de Angola e há já pelo menos um grupo interessado, a companhia, a sul-africana Sanlam, que no final do ano passado adquiriu o controlo da Saham Seguros Angola, detida pela marroquina Saham Finances, apurou o Mercado.

Em Outubro de 2018, recorde-se, a Sanlam – o maior grupo segurador da África do Sul anunciou o cumprimento das condições requeridas para a aquisição dos 53,37% restantes da Saham Finances, em vigor a partir de 11 de Outubro, após os reguladores em várias jurisdições terem aprovado o acordo. A Sanlam e a Santam passaram a deter participações na Saham Finances de 90% e 10%, respectivamente, sendo que o grupo marroquino pretende desfazer-se das operações de seguros em África.

Contactada pelo Mercado, fonte da Comissão do Mercado de Capitais (CMC) confirma que a privatização da seguradora liderada por Manuel Gonçalves está em cima da mesa, mas adianta não haver um cronograma, nem uma decisão sobre o modelo de venda da companhia – em bolsa, ou por concurso.

Ouvido também pelo Mercado, o presidente do conselho de administração da ENSA disse não ter informações concretas sobre o processo, mas lembrou que, em Setembro de 2018, num encontro com investidores à margem do Fórum Empresarial Estados Unidos/Angola, o Presidente João Lourenço deu conta da intenção do Executivo em alienar participações do Estado nos seguros e banca, nomeadamente.

Manuel Gonçalves diz desconhecer em que ponto está o processo, que, lembra, está sob alçada do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), a entidade do Ministério das Finanças a quem cabe conduzir as privatizações. “Se tiver que ser não terei nenhuma dificuldade em abordar o tema. Aliás, se estiver decido, tem que ser”, diz Manuel Gonçalves.

Crescer em Angola

A entrada dos sul-africanos na Sanlan em Angola – agora por via da Saham – é uma intenção que há alguns anos vinha sendo manifestada. Em 2015, em entrevista à Reuters, o director da unidade de mercados emergentes da Sanlam, Heinie Werth, disse que “Angola sempre esteve no nosso radar”. A empresa está também no Gana e Nigéria, e na altura, tinha como meta chegar a 2020 com 20% dos lucros gerados.

Ao Mercado, contudo, Manuel Gonçalves diz achar pouco provável a entrada dos sul-africanos na companhia estatal. “Haverá aqui um equívoco, uma vez que a Sanlam é accionista da Saham”, a segunda maior seguradora angolana.

Empresas da ZEE à venda

Entretanto, na semana passada, o IGAPE anunciou a abertura de concursos públicos para a privatização de sete empresas da Zona Económica Especial (ZEE) Luanda-Bengo, por um valor que, segundo o caderno de encargos, ronda os 68,1 milhões USD.

Estas empresas, das quais apenas uma está neste momento activa, fazem parte de um lote de 52 da ZEE que o Estado pretende alienar. Segundo o PCA do IGAPE, Valter Barros, ainda este ano serão lançados concursos para a venda das restantes 45. Nesta fase, estão à venda indústrias das áreas de vidro, detergentes, argamassa, entre outras, detidas pelo grupo Sonangol.

O responsável destacou que, para além do valor a encaixar pelo Estado, o processo é relevante pela expectativa de que estas unidades se tornem activas, gerando emprego e receitas. A Univitro – a que está activa – emprega 17 colaboradores e não possui passivo.

As outras seis unidades industriais estão montadas mas não estão a funcionar. Trata-se da Juntex – Indústria de Argamassa, Carton – Indústria de Cartonagem, Absor – Indústria de Absorventes, Indugidet – Indústria de Produtos de Higiene e Detergentes, Coberlen – Indústria de Cobertores, Saciango – Indústria de Sacos de Cimento.

Segundo o caderno de encargos, as candidaturas à compra podem ser entregues no IGAPE até 11 de Abril às 15 horas. As ofertas iniciais vão de um mínimo de 3,3 milhões USD e um máximo de 18,2 milhões USD (ver infografia na página seguinte).

Num encontro com investidores no IGAPE após a apresentação dos concursos, o PCA da ZEE, António Henrique da Silva, garantiu que as indústrias recebem energia e água suficientes para trabalharem sem interrupções.

No entanto, o gestor, que lidera a ZEE há seis meses, avançou estar a ser feita uma reavaliação das necessidades de cada indústria. Estão habilitados ao concurso público investidores nacionais e estrangeiros. O caderno de encargos está disponível no site do IGAPE e nas representações diplomáticas acreditas em Angola.

Publicação da autoria de Fonte Externa:
Mercado
14/03/2019

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