Um projeto de prospeção de minerais no município de Longonjo, na província angolana do Huambo, permitiu identificar 23 mil milhões de toneladas de metais valiosos, componentes de telemóveis e outros dispositivos. A composição do solo vale aos terrenos a designação de terras raras.
Um projeto mineiro, a iniciar a exploração em 2020, tem em vista extrair metais em bruto considerados como “o ouro do século XXI”. Conhecidos pela raridade e valor económico, servem de matéria-prima para dispositivos de alta tecnologia. Encontrar as substâncias químicas com o grau de pureza e concentração necessárias para o efeito é uma tarefa difícil, o que as torna raras.
Os minérios garantem características únicas – como a condução de calor, a eletricidade e a capacidade de magnetização – a diversos tipos de ligas metálicas, como os iPhones, carros híbridos e lasers. Estas propriedades químicas e físicas são apropriadas para supercondutores, magnetos e catalisadores. Chegam a ser consumidas 150 mil toneladas/ ano, em todo o mundo, e a China é líder na produção.
São 17 os minerais que se inserem nesta caracterização de minérios raros, entre os quais seis se destacam: Neodímio, Lantânio, Praseodímio, Gadolínio, Samário e Cério.
Em Angola, o projeto de exploração das terras raras, pela sua privilegiada composição, foi feito em parceria entre a empresa angolana Ferrangol e a australiana Pesana, conforme indicou o diretor administrativo da Ozango Minerais (empresa resultante da parceria), Timothy George, que não adiantou números sobre o investimento nem o valor dos metais em causa.
A fase de explorar o terreno durará entre 10 e 20 anos, numa jaziga que tem perto de 2,5 quilómetros de diâmetro de chaminé, tendo sido efetuados, durante a prospeção, mais de 200 furos de sondagem da superfície a uma profundidade de 35 metros, numa malha de prospeção de 500/700 metros.
Os equipamentos serão montados no próximo ano, acrescentou Timothy George. O administrador adiantou ainda que a empresa está atualmente a efetuar prospeções de terras raras, que produzem um íman de grande durabilidade que pode ser utilizado para motores de carros elétricos e turbinas eólicas, bem como para uso militar ou hospitalar.
Timothy George disse estarem em curso trabalhos de sondagem, amostragem, mineralogia, testes metalúrgicos, estimação de recurso mineral, engenharia de projeto, avaliação da mina a céu aberto, estudos de custos e avaliação de impacto ambiental e social, além da consulta à comunidade local.
O responsável da Ozango Minerais adiantou que, na próxima fase, marcada para o segundo semestre deste ano, está prevista a obtenção da licença do Ministério dos Recursos Minerais e Petróleo de Angola, bem como a assinatura de acordos de aquisição de consumo, financiamento e engenharia do projeto e construção de infraestruturas de apoio, entre outros.
Timothy George acrescentou que o plano de geologia simplificado da topografia do “carbonatito do Longongo” tem também como potencial o aumento da oferta de trabalho qualificado e formação de quadros.
“Apesar de Angola não ter mercado para a comercialização do mineiro, a empresa fará a concentração do produto no país e criará mecanismos para que os compradores venham obter o mineral localmente, num valor de, aproximadamente, 60 dólares (52,20 euros) por quilograma”, indicou.
Depois da exploração e concentração dos produtos, ainda em bruto, os clientes deverão, fazer a refinação do minério.
Por seu turno, o diretor nacional dos Recursos Minerais, André Buta Neto, disse que o projeto, “único no país”, insere-se no programa de diversificação da atividade mineira nacional, e sublinhou que a exploração do carbonato e outros minerais terá como princípio fundamental o respeito às normas ambientais, de modo a não prejudicar a população, a quem o Governo pretende, com o projeto, melhorar as condições de vida.
Publicação da autoria de Fonte Externa:
TSF
26/04/2019