Mercado imobiliário “refém” dos juros elevados e da instabilidade cambial

O imobiliário continua a ser visto como um investimento de protecção face à desvalorização cambial.

O mercado imobiliário continua pouco dinâmico. As dificuldades de financiamento, os juros elevados e a instabilidade cambial continuam a ter efeito negativo retraído a dinâmica no sector, revela o recente estudo “Flash Mercado Imobiliário Angola 2018-2019” da empresa de avaliação imobiliária Prime Yield.

“A procura está menos dinâmica, resultando numa oferta superior aos níveis de absorção, no adiamento de novos projectos e na diminuição generalizada do investimento. Este desequilíbrio tem-se reflectido nos preços e rendas, que continuam a decrescer. Ainda assim, o imobiliário continua a ser visto como um investimento de proteção face à desvalorização cambial”, explica o director da Prime Yield, Valdire Coelho.

O estudo revela que mercado de escritórios, Luanda registou uma absorção contida, mantendo-se o percurso de contracção dos preços e rendas, com descidas que se situaram (em ambos os casos) entre os 16% e os 22% nas diferentes zonas. O CBD continua, contudo, a apresentar alguma resistência em ajustar os preços de venda (descida de apenas 2%), embora nas rendas se verifique uma descida de 16%.

“Existe maior abertura ao ajuste das rendas como forma de rentabilizar os activos e minimizar as perdas de investimentos realizados, e o mercado de ocupação já começou a dar alguns sinais de maior dinamismo no final de 2018”, aclara a consultora imobiliária.

Já no segmento residencial, os compradores domésticos mantiveram-se como o público mais activo, depois de anos em que os expatriados foram o principal motor de procura residencial. Este último grupo continua em retracção, mas também a procura nacional abrandou ligeiramente face ao ano anterior, sobretudo por dificuldades no acesso ao crédito à habitação. Assim, os preços médios continuaram a descer quer nos apartamentos T3 em Ingombota (-6%) quer nas moradias V3 em Talatona (-3%), embora de forma suave.

Por seu turno, o imobiliário hoteleiro registou o desempenho mais positivo, com um ligeiro aumento nas taxas de ocupação, se bem que estas ainda se mantenham em níveis reduzidos. As diárias recuaram face ao ano anterior nas unidades de 4 estrelas (-13%) e de 3 estrelas (-45%), neste último segmento devendo-se tal descida ao aumento de oferta. Nos hotéis de 5 estrelas houve mesmo um ligeiro aumento neste valor, o que se explica pela existência de poucas unidades com esta categoria.

Publicação da autoria de Fonte Externa:
Mercado
15/05/2019

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