São os sinais dos tempos. Na semana passada, em Luanda, foram anunciadas publicamente duas plataformas privadas de “mobile money” (dinheiro móvel).
Com uma baixa taxa de bancarização e um elevado número de cidadãos abaixo da linha de pobreza (cerca de 60% da população), Angola é o único país da região sem um mercado funcional de dinheiro móvel. Há mesmo quem defenda que o país atrasou-se 10 anos na implementação destes serviços de fácil acesso e sem as burocracias típicas da banca tradicional, com impactos negativos no combate à pobreza e no crescimento económico.
Actualmente, o continente africano representa mais de metade do mercado internacional de “mobile money” (são 310 plataformas activas, 55,2% do total), segundo a Associação dos Operadores Móveis (GSMA, na sigla em inglês, que junta mais de 1000 empresas do sector).
Durante a apresentação do serviço de dinheiro móvel “Akipaga” da Kwattel, uma plataforma privada angolana apresentada no dia 18 de Agosto, os gestores da empresa alegaram que o principal empecilho para o desenvolvimento desta actividade estava na ausência de uma lei actualizada, que incluísse a possibilidade de introduzir o “mobile money” no País.
Como a lei 40/20 de 16 de Dezembro (Lei do Sistema de Pagamentos) foi aprovada no ano passado, estão criadas as condições para o nascimento de mais plataformas de dinheiro móvel.
Mas há outros argumentos em cima da mesa que também merecem a devida atenção, até porque as actividades económicas associadas às novas tecnologias surgem, por vezes, antes mesmo de existir legislação e regulação adequada.
Uma fonte conhecedora do sector das telecomunicações e da banca, que prefere não se identificar devido aos altos cargos que ocupa, explicou ao Expansão que o principal motivo para o atraso do País resulta de um ambiente de negócios pouco propício à inovação.
Com a taxa de bancarização estagnada, há vários anos, nos 30% da população, o regulador do sistema de pagamentos também é, à imagem do sector financeiro tradicional, o Banco Nacional de Angola (BNA).
Esta instituição, segundo a fonte do Expansão, tem “uma mentalidade e uma cultura institucional muito virada e influenciada pela banca comercial”, motivada pela forte presença de altos quadros provenientes do sector financeiro tradicional.
Também a forma como (ainda) funciona o mercado nacional das telecomunicações é um travão ao surgimento de novas ideias.
(Leia o artigo integral na edição 639 do Expansão, de sexta-feira, dia 27 de Agosto de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)
Publicação da autoria de Fonte Externa:
Expansão
27/08/2021