Dia: 31 de Janeiro, 2018

Desvalorização do kwanza faz portugueses questionarem futuro em Angola

 Só em 15 dias de janeiro, a desvalorização superior a 25% do kwanza, face ao euro, representa menos 700 euros por mês num salário médio, em Luanda, de 650.000 kwanzas (3.000 euros), recebido em moeda angolana por um trabalhador expatriado.
Sónia Silva, gerente de uma agência de viagens angolana com sede em Luanda, admite que qualquer expatriado recebe hoje menos de metade do que recebia há uns anos, antes da crise.

“Está muito complicado”, desabafa, em conversa com a Lusa, ao mesmo tempo que insiste que a “paixão” por Angola “está intacta”.

Só os portugueses já foram mais de 150.000, no tempo do crescimento económico a dois dígitos e das obras que não paravam um pouco por todo o país. A quebra prolongada na cotação do crude mudou tudo e obrigou nacionais e estrangeiros a mudar também.

Sónia deixou Lisboa quando tinha 34 anos, partindo para Luanda no que deviam ser umas férias. Passaram-se 10 anos, acabou por casar e ser mãe em Angola. Viu o “desenvolvimento brutal” da última década de uma Luanda metropolitana, de sete milhões de habitantes, mas hoje preocupa-se com o “descontentamento das pessoas” e a “instabilidade social” provocada pela crise.

“O fator segurança é algo que me preocupa mais, temos agora mais um bocadinho de cuidado, de evitar andar sozinha no carro, de sair à noite. E fazemos mais contas, toda a gente em Angola hoje faz mais contas, os expatriados também”, explica.

Com o poder de compra em forte quebra, face à desvalorização do kwanza e à inflação que só em 2016 ultrapassou os 40%, os expatriados em Angola enfrentam ainda meses sem fazerem uma transferência do salário recebido em kwanzas para Portugal, em euros.

Atrasa-se pagamento de contas e outros compromissos em Portugal, tudo porque a crise fez rarear os euros e os dólares em Angola.

“Já não me lembro quando é que fiz a última transferência para Portugal. Acredito que há mais de um ano, seguramente. É muito complicado”, admite Sónia, embora reconheça que ter estabelecido a família em Angola, com menos compromissos no exterior, aliviou a pressão das contas.

“Os dias de hoje são muito diferentes de 2008, quando eu cheguei. Levantávamos dólares, levávamos dólares para Portugal. É verdade”, recorda, a propósito do famigerado “El Dorado” angolano. Injusto, afirma, sobre os comentários às condições disponibilizadas aos expatriados: “Emigrar para Angola, para África, não é a mesma coisa que ir trabalhar para o Reino Unido ou para a Alemanha”.

Como muitos portugueses, confessa que a desvalorização do kwanza, iniciada este mês, “fez com que as pessoas” começassem a pensar em “antecipar o regresso”.

Uma espécie de machadada final das dificuldades dos expatriados portugueses.

Embora admitindo que a crise atual é “só uma fase má” e também uma “oportunidade única para investir em Angola”, com um filho pequeno, que cria em Angola, e as preocupações constantes em arranjar cuidados de saúde em Luanda, este passou a ser um ano de decisões sobre o regresso a Portugal.

“Pensar se é este o futuro que quero dar ao Diogo. Estamos na fase de pensar o que é que vamos querer dar ao nosso filho”, diz.

A alguns quilómetros de distância, no Morro Bento, arredores de Luanda, Filipe Cunha, de 39 anos, é hoje diretor de um hotel. Deixou Trás-os-Montes para abraçar um projeto turístico que já o levou a vários pontos de Angola nos últimos cinco anos, e, apesar das dificuldades, não prevê para já sair.

Chegou a Angola sozinho, na sua estreia em África, mas entretanto casou e já teve dois filhos em Luanda, hoje com três anos e 16 meses. Apesar de “não ver” transferências para Portugal desde 2015, relativiza a situação por ter a família estabelecida em Angola.

O que recebe em Angola, em kwanzas, fica em Angola e serve para, por agora, ter uma vida melhor e com qualidade. Desde logo passeando pelo país.

“A minha vida passa mais por cá, pela minha família, estando cá. Não se coloca tanto esse problema como algumas pessoas, que têm contas para pagar e que não conseguem transferir”, explica.

Deixar Angola, apesar dos “cuidados” atuais, redobrados, não está por isso, para já, em cima da mesa para a família que constituiu em Luanda.

“Mas não posso dizer que vou ficar aqui eternamente”, diz.

Publicação da autoria de Fonte Externa:
Ango Notícias
31/01/2018

31.01.2018 – Cotações do dia ( BNA, Banca Comercial, Mercado Informal – Kinguilas – e Private Deals )

1 – BNA
Taxas oficiais do Banco Nacional de Angola
USD 207,45 (Compra 207,21 Venda 207,69) – Variação (+) 1,18%
EUR 257,72 (Compra 257,39 Venda 258,04) – Variação (+) 1,71%

2 – BANCA COMERCIAL
Taxas dos Bancos Comerciais em Angola
2.1 – Divisas
USD 209,77 (Compra 207,69 Venda 211,85) – Variação (+) 1,19%
EUR 260,62 (Compra 258,04 Venda 263,20) – Variação (+) 1,71%
2.2 – Venda de Notas
USD 211,85 Variação (+) 1,19%
EUR 263,20Variação (+) 1,71%

3 – KINGUILAS – Compra e Venda de Notas
Taxa média aplicada pelo Mercado de Rua em Angola
USD 470,00 – Variação (+/-) 0%
EUR 570,00 – Variação (+/-) 0%

4 – PRIVATE DEALS – Compra e Venda de Divisas Bancárias
Taxas médias aplicadas através de negociação entre particulares
USD 500,00 – Variação (+/-) 0%
EUR 550,00 – Variação (+/-) 0%

BNA – Venda de Divisas (30.01.2018)

Banco Nacional de Angola efectuou hoje, dia 30 de Janeiro, um leilão de venda de divisas, colocando no mercado primário o montante de EUR 192,4 milhões.

Da sessão, foi apurada a taxa de câmbio média ponderada de Kz 258,038 por EURO, com depreciação de 1,707 pontos percentuais.

Contribuíram para o apuramento da taxa de câmbio de referência 18 dos 26 bancos participantes, tendo a taxa mais alta sido de Kz 258,780 por EURO e a mais baixa de Kz 254,213 por EURO.

As divisas vendidas nesta data destinam-se às seguintes finalidades:

•    50% – Matéria-prima, peças, acessórios e equipamentos;
•    20% – Seguros, telecomunicações, transportes e informática;
•    15% – Agricultura, agropecuária, pescas e mar;
•    15% – Comércio geral.

Para bens alimentares e medicamentos, o BNA mantém ainda o mecanismo de vendas directas por indicação dos organismos de tutela. Para operações privadas (educação, saúde, viagens e salários de expatriados), a venda de divisas mantém-se por alocação aos bancos comerciais em função da sua quota de mercado no segmento de particulares.

O BNA aproveita para informar que a próxima venda de divisas está programada para o dia 7 de Fevereiro de 2018, tendo como finalidade a cobertura de compromissos futuros ao abrigo de cartas de crédito.

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BNA mantém taxa de juro base nos 18 por cento para tentar conter inflação

A taxa de juro base de Angola foi mantida nos 18 por cento pelo Banco Nacional de Angola (BNA) como ferramenta de controlo da inflação, informou o banco em comunicado publicado ao fim da tarde de segunda-feira, após reunião do seu Comité de Política Monetária (CPM).

Este valor da taxa de juro base fica, assim, nos 18 por cento em dois meses consecutivos porque, essencialmente, ainda conforme a nota publicada no site oficial do BNA, o CPM, que se debruçou sobre o mês de Dezembro, deteve a sua atenção na “evolução dos preços” que registaram um aumento considerado “ligeiro” pela instituição.

Note-se que esta conclusão é delimitada ao último mês de 2017 e ainda não substancia o resultado nos preços em Janeiro, mês no qual se desenvolveu a nova política cambial do Executivo angolano que já resultou na desvalorização de facto de 28 por cento do Kwanza face ao Euro e deve esta semana chegar aos 30 por cento.

O CPM volta a reunir a 28 de Fevereiro.

Publicação da autoria de Fonte Externa:
Ango Notícias
30/01/2018