Sonangol sai da Unitel e do negócio da Banca

A Sonangol projecta, no seu Programa de Regeneração, retirar-se do capital da Unitel, uma empresa fundada e participada pela empresária Isabel dos Santos, revelou ontem, em Luanda o presidente do Conselho de Administração da companhia.

Carlos Saturnino, que falava numa conferência de apresentação do Programa de Regeneração da Sonangol, com o qual a companhia petrolífera passa a concentrar-se nas actividades nucleares, incluiu a desistência dessa participação entre outras detidas nos sectores das telecomunicações, banca e prestação da serviços à indústria petrolífera.

Apontou, nessa qualidade, as participações na MSTelcom (uma empresa de telecomunicações), bem como os bancos Angolano de Investimentos (BAI), Caixa Angola, Fomento Angola (BFA), Económico e de Comércio e Indústria (BCI).

O presidente do Conselho de Administração da Sonangol avançou ainda as participações no Porto Amboim Estaleiros Navais (Paenal), Sonamet (de prestação de serviços de fabricação de estruturas metálicas para suporte à indústria petrolífera) e a Sonils (base logística de apoio às operações do sector petrolífero).

A lista inclui a Petromar (empresa de instalação de plataformas e estruturas submarinas) e a Angoflex (de construção de umbilicais e produtos associados para a indústria de petróleo e gás), num processo que inclui fusões, além da passagem do capital. O responsável declarou que o grupo vai promover uma discussão com a banca e avaliar, em cada caso, os níveis de rentabilidade e os benefícios obtidos pela Sonangol.

Carlos Saturnino explicou as privatizações e fusões das subsidiárias com o facto de representarem baixos rendimentos, num momento em que o Estado angolano não tem projecto de desenvolvimento do sector petrolífero. “Temos um grupo de empresas a competir com pouco trabalho e devemos promover um movimento de consolidação e análise para construir uma indústria forte”, disse.

As subsidiárias que permanecerem sob a alçada do grupo passam a ter conselhos de administração e orçamento próprios, o que acontece no quadro de uma descentralização em que a “holding” deixa de interferir na sua gestão.

Carlos Saturnino definiu o Programa de Regeneração como um projecto estruturante que vai preparar a empresa para o futuro, reforçando o papel do grupo no continente africano, com base na observação dos padrões internacionais, enquanto contribui para o desenvolvimento económico do país.

“A sobrevivência da Sonangol obriga a reestruturações, porque temos participações completamente díspares em várias concessões. Desde 2016, a Sonangol deixou de cumprir as suas obrigações financeiras em vários blocos”, adiantou.

Carlos Saturnino lembrou que a companhia acumulou uma dívida no projecto Kaombo, no bloco 32, no valor de mil milhões de dólares, embora tenha adquirido a participação por apenas 16 milhões de dólares. “A Sonangol tem o mesmo problema em muitas concessões petrolíferas e queremos reduzir as percentagens de participações que variam entre os 10 a 70 por cento ou mais nos vários blocos em produção”, referiu.

O plano estratégico da empresa estatal consiste em consolidar a integração nos negócios da refinação, transporte, armazenagem e comercialização de produtos refinados, com foco na promoção da eficiência e liberalização do mercado de combustíveis.

Carlos Saturnino estimou que, caso o preço do barril de petróleo se mantenha próximo dos 70 dólares, a companhia vai reunir recursos para investir e vender apenas algumas participações com pouca rentabilidade. “Se o preço continuar alto, teremos recursos adicionais para assumir novos investimentos”, disse.

40 milhões de euros

O Sonangol vai empregar 40 milhões de euros para concretizar o plano de reestruturação durante um período de 30 meses, em que decorre a privatização de 19 subsidiárias, empresas participadas e a venda de algumas concessões petrolíferas, declarou Carlos Saturnino.

“Entre 2020 a 2021, a Sonangol vai ser diferente, com uma estrutura mais pequena e mais ágil, com actividades e poder descentralizado mais veloz em termos de tomada de decisão”, previu o presidente da petrolífera, acrescentando que a companhia “não vai ser o que foi no passado: vai ser completamente diferente e [estar] muito melhor preparada para dar o seu contributo ao desenvolvimento económico do país” .

Carlos Saturnino informou que o programa de regeneração obedece a três fases de implementação, nomeadamente a Fase 0, de preparação com duração de seis semanas, a Fase 1, de implementação de acções com resultados a curto prazo e definição do roteiro de melhorias operacionais, bem como de medidas estruturantes, e a Fase 2, de implementação de um roteiro de melhorias operacionais e medidas estruturantes.

A regeneração da companhia estatal petrolífera é uma emanação do Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022, que preconiza a concentração da actividade da empresa na cadeia de valor do petróleo e gás.

O programa visa fomentar e incentivar o desenvolvimento de uma indústria nacional robusta de suporte ao sector petrolífero e que contribua para a capacidade interna de produção de refinados, para reduzir a dependência das importações.

Carlos Saturnino informou que consta do programa da companhia estatal garantir a utilização interna e exportação, promover o aumento da quota de produção interna de petróleo bruto, reforçando o papel da Sonangol Pesquisa e Produção para a tornar mais eficiente.

Publicação da autoria de Fonte Externa:
Jornal de Angola
16/11/2018

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